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              GRAFITE -  "Veja 
                os grafites atuais, anos 90 e anos 80" 
                         
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                Ocupação Cultural 
              do Futuro Espaço Pantemporâneo 
               
                
                   
                    
                      
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                        MURAL NA ALPHARRABIO LIVRARIA 
                          E EDITORA 
                                  VALDECIRIO, 
                          DALILA E VADO 
                          Parede externa 
                          7 ,00 X 2,00 m  | 
                       
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                      Grafite / Caligrafite / Pichação | 
                 
                 
                  
                       
					   
                         Grafite é a forma artística 
                          que expressa e muda a concepção estética 
                          urbana. Surgiu na época das cavernas, quando 
                          os homens desenhavam nas pedras símbolos, signos, 
                          figuras de animais, armas, etc., como forma de comunicação. 
                          Com o passar dos anos, transformou-se em arte. Mais 
                          recentemente, ganhou conotações política 
                          e social, sendo, os grafites ou caligrafites, executados 
                          à mão livre, de forma rápida, por 
                          motivo de repressão policial. 
                           
                          As cidades também começaram a mudar visualmente 
                          com o colorido dos grafites multicoloridos, trocando 
                          sua vestimenta acinzentada e suja por belos desenhos 
                          coloridos. 
                           
                          Como num trabalho de formigas, tentando escapulir do 
                          perigo, na calada da noite os artistas “pintam” 
                          as cidades. E ao amanhecer, os cidadãos podem 
                          vê-las, literalmente, com outros olhos: cheios 
                          de festa, alegria, diversão e arte. 
                           
                          Caligrafite e pichação 
                          O caligrafite surgiu como a forma de expressão 
                          escrita na “crista da onda” de marcas ou 
                          turmas, não passando de imitações 
                          novaiorquinas dos anos 80 nas invasões dos mêtros. 
                           
                          Pichação é a forma 
                          de expressão de turmas codificadas, aleatoriamente, 
                          sem compromisso com a sociedade ou com a comunidade. 
                          É utilizada apenas para demarcação 
                          de territórios, onde as disputas são os 
                          pontos mais altos e de acesso mais difícil, ponde 
                          em risco muitas vezes a vida do pichador. 
                           
                          Texto: Vado do Cachimbo 
                       
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                    "Trajetória"  
                      
                     
                       Texto: 
                      Enock Sacramento - 1985 
                      Critico de Arte
                      
                      Vivemos a era da imagem. Em certas circunstâncias, 
                      ela compete com o próprio original que lhe deu origem, 
                      em função das possibilidades de ampliação, 
                      de alteração, de multiplicação 
                      e das mídias utilizadas em sua veiculação. 
                      Uma estória narrada por Norman Mailer em seu livro 
                      Grafitis de New-York, ilustra bem esta afirmação. 
                      Conta Mailer que duas avós se reencontram. Uma delas 
                      aponta a neta que brinca. Oh! - diz a outra - como ela é 
                      bonita". Responde a primeira, abrindo a bolsa: "Você 
                      não viu nada. Espere que vou lhe mostrar uma foto 
                      dela". As imagens invadiram nossa vidas através 
                      da televisão, do cinema, das revistas e jornais, 
                      dos cartazes e out-doors, dos muros pintados.
                       
                      Em 1972, jovens negros e portorriquenhos cobriram muros, 
                      portas e janelas, monumentos, carros do metrô, ônibus, 
                      caminhões de Nova York, com nomes, alguns extraídos 
                      das histórias em quadrinhos underground. Iniciava-se 
                      um movimento de ampla repercussão policial e artística, 
                      que interferiu violentamente no visual da cidade e que foi 
                      batizado de grafitte, palavra italiana utilizada entre nós 
                      no original, ou traduzida para grafiti ou grafito.
                       
                      Estudiosos da matéria como Jean Baudrillard, autor 
                      do livro E'Échange Symbolique et la Mort, Ed Gallimard 
                      . Paris, acham que há uma diferença fundamental 
                      entre grafiti e muro pintado, embora ambas as manifestações 
                      tenham surgido à repressão das revoltas sociais 
                      urbanas da segunda metade dos anos 60. O grafiti se referiria 
                      às inscrições de nomes nas paredes 
                      da cidade, atuando a nível dos signos, mas sem conteúdo 
                      politico, ideológico. Os muros pintados seriam aqueles 
                      que receberam frases com mensagens politicas, eleitorais, 
                      desenhos diversos.
                       
                      No Brasil estas manifestações surgiram concomitantemente 
                      nas grandes cidades, em fins dos anos 70. As mensagens politicas 
                      pintadas nas paredes, em vésperas de eleição, 
                      já eram bem conhecidas entre nós, pois o muito 
                      sempre foi um midium tradicional para elas no Brasil, como, 
                      de resto, em todo o terceiro mundo. Elas parecem estar ligadas 
                      aos sinais de reabertura democrática e a outra razões 
                      mais complexas. Aqui apareceram nomes, mensagens politicas, 
                      desenhos irreverentes ou não, declarações 
                      de amor, quase sempre impregnadas de ironia e senso de humor.
                       
                      Entre os grafitistas paulistanos destacou-se Alex Vallauri, 
                      que grafitou com o auxílio de mascaras de papel, 
                      nos muros da cidade, botas com salto alto e fino, cupidos, 
                      diabos, acrobatas, raios, estrelas, telefone, jacares, ebnfim 
                      uma série de imagens simbólicas que fazem 
                      parte do inconsciente coletivo. Ele chegou a expor na Pinacoteca 
                      do Estado, 81, e na Bienal de São Paulo, este ano. 
                      A estes grafitistas (ou grafiteiros), juntou-se logo um 
                      jovem de São Bernardo - Edvaldo Luiz Alvares - que 
                      assina Vado, acrescentando ao pseudônimo a imagem 
                      de um cachimbo. Vado encarregou-se de grafitar muros da 
                      região do ABC e de São Paulo.
                       
                      Vado do Cachimbo que desenvolvera antes uma série 
                      de trabalhos na linha da Art Brut, em que fez uma sombra 
                      reflexão sobre o homem, viu no grafite a possibilidade 
                      de uma comunicação mais ampla com o povo. 
                      Seus símbolos são figuras humanas lembrando 
                      personagens circenses, incluídas por ele numa imaginária 
                      Família dos AC's. Trata-se de uma família 
                      aberta, sem número determinado. São por ele 
                      chamados de A.Cáribi, A.Cábixa, A. Cábari, 
                      A.Cábiluxa. Formam,segundo o artista "uma família 
                      candura", e são amigos de todos. Os AC's são 
                      providos de espinhos,destinados antes à proteção 
                      do que ao ataque. Eles são pacíficos. Alguns 
                      aparecem com um braço para traz e outro para a frente, 
                      sugerindo um movimento mecânico. Cremos que, mediante 
                      este gesto, Vado quer denunciar aos avanços tecnológicos 
                      que não consultam os interesses humanos. Seus AC's 
                      me lembram um pouco o eterno Carlitos e sua mensagem de 
                      profundo humanismo.
                       
                      Os AC's de Vado tem sido desenhados/pintados não 
                      apenas nos muros da região, mas também em 
                      chapas de duratex, as quais tem expostas em vários 
                      espaços culturais do Estado. Para ele, o progresso 
                      só tem sentido quando beneficia o homem. E através 
                      desta família simpática, Vado dá seu 
                      recado de confiança e esperança num mundo 
                      mais humano, mais alegre e mais feliz.
                      
                       
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                          Texto: Josette Balsa  - 1984 
                          Crítica 
                          de Arte 
                        O imaginário de Vado se expressa de forma simples: 
                          num suporte de eucatex, silhuetas recortadas em papelão 
                          são aplicadas, deixando vazios que o artista 
                          preenche, em várias operações que 
                          dependem da gama de cores, com tintas saindo diretamente 
                          da bomba de spray. Entretanto, os "bonecos" 
                          de Vado são o resultado de centenas de desenhos, 
                          nos quais o traço se apurou, o estilo se definiu, 
                          até chegar a constituição da "Família", 
                          um conjunto de fantoches aparentados pela fisionomia 
                          e pela silhueta: todos sorridentes,todos delineados 
                          por um cerne preto que apresenta a particularidade de 
                          ser "espinhoso". As personagens são 
                          como os ouriços, um pouco desajeitados na postura, 
                          braços e pernas desengonçados, uma expressão 
                          de candor no rosto, não deprovista de certa ironia,criaturas 
                          procurando se proteger do mundo externo com frágeis 
                          espinhos. Um pouco como a rosa do "Pequeno Príncipe"... 
                        Todos os ACs tem uma flor na mão, mensagem otimista 
                          de amor e fé na vida. Cada um deles é 
                          isolado num mundo de formas angulosas, geométricas, 
                          A.Carábi, A.Cábixa, A.Cábari, A.Cábiluxa 
                          e todos outros; cada um solitário na sua tentativa 
                          de adequar-se ao seu espaço, sem perder o sorriso 
                          humorista.Mensagem clara,um pouco melancólica, 
                          expressada em tons alegres e com uma linguagem muito 
                          pessoal, que transcende os meios de expressão: 
                          situando-se entre a caricatura e o grafite, Vado do 
                          Cachimbo (como ele assina) inventa um mundo coerente, 
                          que a ternura disputa a crueldade, envolvente tanto 
                          pelas qualidades plásticas e cromáticas 
                          quanto pelas conotações evocadas pelos 
                          estranhos homenzinhos. 
                        Situando-se do lado do Art Brut pela espontaneidade 
                          do fluxo criador, ao mesmo tempo verbal e pictórico, 
                          e pela indiferença às "artes culturais", 
                          Vado vai seu caminho, parecido com suas personagens,sorrindo 
                          irónica e ternamente, olhar alerta e lúcido, 
                          e nas mãos tesoura, bomba de spray, e as "máscaras" 
                          de papelão recortadas com muita precisão, 
                          multiplicando aqui e acolá AC's irreverentes 
                          para, rindo e brincando, derrubar "ismos" 
                          e teorias. 
                       
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